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A crença no desconhecido
O Mundo Desconhecido

Dissemos, nas bases da doutrina, que os sentidos não chegam a apreender tudo o que existe, e que no universo há mundos reais, que não captamos com os nossos sentidos. O mais próximo exemplo de tais existências é a alma. Pode alguém negar a existência da alma? Não é a alma que conserva cada um de nós, vivo? Alguém é capaz de conhecer a verdadeira essência da alma? Certamente, não.

O mundo que se pode captar e que é visível é aquele que o Alcorão denominou "mundo perceptível". O mundo oculto aos nossos sentidos, o metafísico, é o mundo desconhecido. Quanto ao mundo perceptível, a crença nele e em sua existência é análoga em todas as pessoas; mesmo o animal irracional capta, com os seus sentidos, a sua existência. Assim, pois, um não é mais digno de elogio, por esta crença, do que o outro, pois isto é parte do "saber manifesto". O meritório é a fé no desconhecido, crer no que não se vê e tomar por certa a sua existência, baseando-se na veracidade da transmissão. Isto é o que distingue os tementes. Por isso, no princípio da segunda surata, Deus anunciou o primeiro atributo dos tementes. Deus disse:



"Que crêem no desconhecido." (2ª Surata, versículo 3)

Como Cremos no Desconhecido?

Como cremos no desconhecido, se Deus não nos deu sentidos para captá-lo? Certamente, se nos permitirmos depender somente dos nossos sentidos e se julgarmos unicamente pela nossa razão, segundo os sentidos, estaremos ignorando a metafísica. Porém, graças à Sua prudência e à Sua misericórdia, Deus não fez a razão incapaz de captá-la, mas informou-a o que precisava saber. Esta informação não provém do ego humano, mas do exterior. Tampouco é parte da intuição, da inspiração espiritual, da viveza do pensamento ou da dedução racional. Não emana da capacidade humana, mas vem do seu exterior, por três caminhos:

Primeiro: Deus dá estas informações ao homem, mediante a inspiração, no sonho, ou de uma maneira na qual ele não intervenha. Este não pode chegar a elas pelo exercício das capacidades intelectuais, de tal forma que alguém possa senti-la e se expressar sobre ela.

Segundo: O profeta, para quem é enviada a revelação, pode ouvila, sem poder localizar ou conhecer a fonte original do som.

Terceiro: É o mais comum. Deus envia uma das Suas criações virtuosas, obedientes e ocultas para nós, denominada anjo, a um humano, que Ele elege e seleciona, para lhe anunciar a Sua mensagem e para encarregá-lo de anunciá-la às pessoas. Estes três caminhos são únicos. Deus diz:

"É inconcebível que Deus fale diretamente ao homem, a não ser por inspiração, ou veladamente, ou por meio de um mensageiro, mediante o qual revela, com o Seu beneplácito, o que Lhe apraz." (42ª Surata, versículo 51)

O Desconhecido em que Devemos Crer

O desconhecido é um pilar da fé e quem o nega se converte em incrédulo, e é excluído da comunidade islâmica. Isto se refere ao desconhecido que aparece no Alcorão. Quanto ao desconhecido, que aparece na Sunna autêntica, não se converte em incrédulo quem o nega, nem é excluído da comunidade, porém comete um pecado.

Esta distinção entre o Alcorão e a Sunna (ditos, feitos e aprovações do Profeta) necessita de um esclarecimento, posto que o que foi anunciado pelo Profeta da revelação e o que ele pronunciou, no Hadice, ambos estão no mesmo nível, quando se recorre a eles, pois o Alcorão é uma revelação de Deus em seus termos e conteúdo, e o Hadice é uma revelação de Deus, quanto ao sentido da revelação, nos termos do Profeta. Deus diz:

"Não fala por capricho. Isto não é senão a inspiração, que lhe foi revelada." (53ª Surata, versículo 3)

Os companheiros do Profeta, aqueles que ouviram dele o anúncio de um versículo e a pronunciação de um Hadice, não fizeram distinção entre eles, tanto no dever de cumpri-los, como no que diz respeito a qual deles recorrer. A distinção nasceu da narração e da transmissão, pois o Alcorão foi transmitido integralmente, em etapas. Por isso, afirmamos que o texto alcorânico é o mesmo que o anjo Gabriel revelou a Mohammad, e o mesmo que Mohammad anunciou aos seus companheiros; nada falta dele, nem nada se acrescentou ou trocou.

Quanto ao Hadice, foi transmitido, em sua maioria (se não totalmente), de uns para outros. Esforçaram-se os ulemás do Hadice em revisar a sua narração e investigar os seus transmissores, até onde pode chegar a capacidade humana. Porém, não afirmamos terminantemente, não obstante, que o Hadice que Bukhári, Musslim e
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