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Fairuz al Dailami
“O Fairuzé um homem abençoado, vindo de uma família de gente abençoada.”
(Dizer do Profeta {SAAS})


Na volta da sua peregrinação de adeus, o Profeta (SAAS) caiu doente. A notícia da sua enfermidade correu feita relâmpago por toda a Arábia. Muitas pessoas, acreditando que um profeta não morria, apostatou do Islam. Três indivíduos de diferentes regiões se puseram em pauta com reivindicação à profecia, dizendo aos seus povos que Deus os havia enviado, assim como havia enviado a Mohammad (SAAS) ao Coraix. Eram eles Al Aswad al Ansi, do Yêmen, Musaylima, de Al Yamama, e Tulayahak al Asadi, dos Banu Asad.

Al Aswad al Ansi era um charlatão que reivindicava ser um clarividente. Era consistentemente formado, fisicamente, e possuia uma natureza obscura e irascível, a qual habilidosamente ocultava. Sempre aparecia perante o povo usando um véu, com o fito amortalhar-se numa aura de grandesa e mistério. Sua eloqüência fazia oscilar as mentes daqueles que o ouviam, e ele era destro em manipular as pessoas comuns; e aqueles que não se deixavam levar facilmente por ele, por cusa das suas próprias sofisticações, eram aliciados pela riqueza e pelo poder que ele lhes oferecia. Naquele tempo, o poder político era exercido pelos indivíduos de “sangues mistos”, conhecidos como al abná (os filhos). Estes eram rebentos de pais persas que migraram dos seus países para o Yêmen e se casaram com mulheres árabes. O líder deles, o Bazan, tinha sido o vice-rei do Cosroé, no Iêmen, no tempo em que esse país era uma província do império sassânida. Quando o Bazan ficou convencido da verdade da mensagem do Profeta (SAAS), separou-se do império de Cosroé e levou o seu povo para a religião do Islam. O Profeta (SAAS) havia reafirmado a autoridade do Bazan sobre o povo do Iêmen, e ele permaneceu no poder até à morte, um pouco antes da ascensão à proeminência de Al Aswad al Ansi. Naquele tempo, um dos líderes dos al abna era o Fairuz al Dailami.

Os primeiros a se aliarem ao culto1 do Al Aswad al Ansi foram os da sua própria tribo, os Banu Madhij. O culto atacou primeiramente a cidade de Sanaa, onde os seus componentes mataram o governador, Shahr, filho de Bazan. A viúva de Ahahr, cujo nome era Adhada, foi levada para a cama de Al Aswad al Ansi, que a “desposou” pela força2.

Usando a cidade de Sanaa como base, Al Aswad al Ansi atacou outras regiões, que sucumbiram sob a inesperada força da sua agressão. Num surpreendente espaço de tempo, ele havia ganho o controle da área que fazia fronteira com o Hadhramawt ao sul, com Taif ao norte, com Bahrain ao leste, e Al Ahsa ao oeste.
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1. Culto – referimo-nos a esses eventos como culto, porquanto a única “missão” que eles proclamavam era a crença em Al Aswad, o seu direito ao poder, e a rejeição quanto ao Islam. Al Aswad não procurava ensinar qualquer realidade de cunho moral ou ético.

2. Para adicionarmos o insulto à injúria, dizemos que as mulheres dos líderes conquistadores, naqueles tempos remotos, não apenas eram violentadas, mas eram ainda forçadas a viver em concubinato com os conquistadores, para que se lhes incorporassem a nobreza do seu sangue.

O fato de ser um sagaz charlatão era o grande fator do sucesso de Al Aswad al Ansi. Ele era assistido por um bando de apoiadores que diziam que ele era ministrado por um anjo do Céu que lhe revelava segredos metafísicos. Eses mesmos assistentes atuavam para ele como uma rede de espionagem que se infiltrava na vida íntima das pessoas. Os espias relatavam a Al Awad os segredos e as preocupações pessoais das pessoas, seus problemas, desejos, e suas esperanças. Al Aswad mandava chamar essas pessoas, e as confrontava com os assuntos que elas achavam não serem do conhecimento de ninguém. Ele fazia ainda simples truques de mágica que faziam reforçar a impressão das pessoas comuns de que ele de fato possuia poderes espirituais. Desse modo, ele foi capaz de obter o apoio de muitos, e gradativamente ganhava poder, sendo que o interesse no seu culto se espalhou como relâmpago.

Logo que o Profeta (SAAS) ouviu coisas sobre a apostasia de Al Aswad al Ansi, e do seu golpe, no Yêmen, enviou cerca de doze dos seus companheiros com cartas para os primeiros iemenitas convertidos ao Islam. O Profeta (SAAS) antecipava a expectativa de que aquelas pessoas iriam constituir a mais positiva força contra o culto, e, na carta, as exortava a permanecerem fiéis e firmes, face à onda que infeccionava as pessoas qual pestilência. Ele ordenou a elas que usassem a ingenuidade do povo para porem fim ao mal que causava Al Aswad al Ansi.

O Profeta (SAAS) estava correto na sua expectativa pois todos os correspondidos responderam positivamente às suas cartas, declarando suas iminências em combater ativamente o culto. A primeira pessoa a fazer isso foi o herói na nossa estória, o Fairuz al Dailami, juntamente com os Al Abna, que eram seus aliados. Os historiadores têm preservado o relato do testemuho ocular dos eventos que lhes foram dados por ele.

A narrativa do Fairuz al Dailami
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