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Sumama b. Ussal
Sumama b. Ussal


Dr. Abdulrahman Ráafat Bacha
Tradução: Prof. Samir El Hayek

Aquele que forçou um boicote econômico contra os pagãos de Makka

No sexto ano da Hégira, o abençoado Profeta resolveu ampliar o escopo das sua pregações, e compôs oito cartas que iriam ser enviadas para os reis da Arábia e das terras vizinhas, nas quais ele os chamava para o Islam, a religião do Deus Único.

Um daquele para os quais ele escreveu foi Sumama b. Ussal al Hanafi, o que não foi nada incomum, posto que ele tinha sido um dos reis beduínos, no tempo do surgimento do Islam. Era um dos altos chefes da tribo dos Banu Hanifa, e rei da região de Al Yamamah, em Najd, onde sua autoridade era indiscutível.

Sumama b. Ussal recebeu a carta do abençoado Profeta com desprezo. Igual a todos os que transgridem, ele arrogantemente recusou-se a ouvir a verdade, e se afastou do chamamento à retidão. Como se dirigido por um demônio, começou a conspirar contra o abençoado Profeta, no sentido de o matar e, com ele, matar a religião do Islam, na sua infância. Passava um tempão esperando uma hora em que pudesse surpreender o abençoado Profeta desacompanhado, para que pudesse dar-lhe um fim, sem niguém para o proteger, ou mesmo testemunhar a façanha maligna. Quando finalmente encontrou a chance, e estava a ponto de executar o seu plano, um dos seus próprios tios interveio, pela graça de Deus, e impediu que seu sobrinho cometesse o assassinato.

Frustrado, Sumama resolveu expressar o seu ódio sobre os seguidores do abençoado Profeta, e passou a dirigir emboscadas para alguns deles. Conseguiu apanhar um certo número deles e, barbaramente, matou-os, sem sentir remorso.

Pela ameaça que ele representava para os muçulmanos, o abençoado Profeta anunciou para a comunidade que aquele que desse fim ao Sumama iria estar livre de culpa aos olhos de Deus.

Não muito tempo depois, Sumama planejou empreender uma visita ritualística à Kaaba, e se pôs a caminho de Makka, estimulado pela perspectiva de caminhar em torno da Kaaba e fazer os sacrifícios aos ídolos, no santuário.

Durante sua viagem, um inesperado evento aconteceu a Sumama. Com o fito de evitar a repetição do tipo de crime cometido por Sumama, o abençoado Profeta estabelecera a prática de enviar patrulhas que esquadrinhavam os arredores de Madina.

Sumama foi interceptado por uma daquelas patrulhas. Não sabendo da sua identidade, os patrulheiros fizeram-no cativo, e o levaram de volta para Madina. Quando chegaram à mesquita, amarraram-no a um dos pilares, e aí o deixaram, até que o abençoado Profeta teve a chance de o identificar e decidir o que fazer dele. Chegada a hora da oração, o abençoado Profeta foi para a mesquita e, quando estava para entrar nela, viu o Sumama amarrado ao pilar. O Profeta (S) voltou-se para os seus companheiros, e lhes perguntou:

“Estais cientes de quem apanhastes?”
“Não, ó Mensageiro de Deus”, responderam.
“Pois esse é o Sumama b. Ussal al Hanafi; portanto, tratai-o bem”, disse-lhes.
Quando o abençoado Profeta voltou para sua casa, após às orações, fez com que os seus familiares juntassem toda a comida que tinham, e mandou que levassem uma refeição para o Sumama b. Ussal. Depois ordenou que sua camela fosse ordenhada, pela manhã e à noite, e que o leite fosse também dado para o Sumama. Tudo isso aconteceu antes que o abençoado Profeta se tivesse encontrado com Sumama, ou falado com ele.

Por fim, o abençoado Profeta foi ter com Sumama, na esperança de que obtivesse a aliança deste ao Islam. Ele perguntou:
“Que tens a dizer em teu favor, ó Sumama?”
“Se me matares, isso irá ser o que eu mereço, por ter matado alguns dos teus seguidores”, ele respondeu. “Mas, se me poupares a vida, terás a minha gratidão. Se quiseres que eu pague um resgate por mim, dar-te-ei o que pedires.”

Sem responder, o abençoado Profeta foi embora, e o deixou em paz por dois dias, durante os quais lhe foram servidas as refeições, e foi tratado com gentileza. Então, o Profeta (S) voltou a ele, e lhe perguntou novamente:
“Que tens a dizer em teu vavor, ó Sumama?”
“Nada tenho a dizer-te além do que já disse”, ele repondeu. “Se me poupares a vida, serei eternamente grato; se me matares, é do teu direito fazê-lo; se quiseres um resgate, pagarei o que me pedires.”

Novamente o abençoado Profeta deixou-o, sem nada responder, dessa vez voltando no dia seguinte. Quando ele perguntou para o Sumama, mais uma vez, o que tinha a dizer em seu favor, apenas ouviu a mesma resposta. Dirigindo-se aos seus companheiros, o abençoado Profeta disse: “Soltai-o!”
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